SACRAMENTO DA COMUNHÃO

O Sacramento da Comunhão - a Eucaristia (traduzido do grego - Ação de Graças) - é o principal Sacramento da Igreja, pelo qual, sem a participação regular as pessoas não podem se considerar verdadeiros cristãos. O próprio Senhor chama a atenção para a necessidade de participar deste Sacramento, dizendo: “se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês mesmos.” (Jo 6:53)

O Sacramento da Comunhão foi instituído pelo Senhor Jesus Cristo na Última Ceia, na noite anterior ao Seu sofrimento na cruz e morte. Na última refeição com Seus discípulos, o Salvador transubstanciou o pão e o vinho em seu puríssimo Corpo e Sangue, dando aos Apóstolos a beber do mesmo Cálice e a comer do Pão partido. O Senhor ordenou aos Seus discípulos que realizassem este Sacramento em todos os tempos.
A unidade com o Senhor se realiza no Sacramento da Eucaristia - que é o que todo cristão é chamado a fazer. Ela contém o sacramento do encontro e da comunicação com o Senhor. Ao comungar do Cálice com o Sangue do Senhor, Os cristãos formam um todo orgânico, assim como um corpo unido à cabeça - O próprio Cristo, demonstrando assim a unidade da igreja.

Pela união com o Senhor, recebemos cura da alma e do corpo. Nós nos tornamos irmãos e irmãs em Cristo. No Sacramento da Comunhão, o Salvador nos fortalece espiritualmente, transforma misteriosamente nossa alma e nos dá forças para cumprir Seus mandamentos e combater os pecados. Palavras inspiradoras.
São João Crisóstomo testemunha que a comunhão “faz a imagem real de nossas almas brilhar, dá à luz uma beleza inexprimível, não permite a nobreza da alma desvanecer, regando-a constantemente e nutrindo-a… Comunhão é a salvação de nossas almas [...] torna nossas mentes mais brilhantes que o fogo, [...] torna nossas almas mais puras que ouro!”

A Eucaristia é o principal ofício religioso na Igreja Ortodoxa - a Divina Liturgia. A oração central da liturgia é a invocação sacerdotal do Espírito Santo com a oração de todos os fiéis na igreja para a consagração dos Dons preparados (pão fermentado de trigo puro e vinho de uva puro diluído com água), sua transformação e manifestação no Corpo e Sangue de Cristo. Depois disso, os fiéis cristãos recebem a Comunhão (comungam) dos Santos Dons, unindo-se com Cristo e n'Ele - uns com os outros, assim, a Liturgia se torna o Sacramento da própria Igreja como unidade dos fiéis.

Um cristão pode receber os Santos Dons fora da Divina Liturgia - por causa de doença ou outras razões.

Somente cristãos ortodoxos batizados que não estejam em estado de excomunhão da Igreja podem receber o Sacramento da Eucaristia.

Um cristão ortodoxo é chamado a recorrer ao Sacramento da Eucaristia na Liturgia todo domingo. Se as circunstâncias não o permitirem, o cristão deve tentar receber a comunhão ao menos uma vez por mês.
A mente humana é incapaz de compreender a profundidade desta ação de Deus: verdadeiramente, a Eucaristia é o amor de Cristo, que excede todo entendimento. Graças a ela conservamos e aumentamos a alegria, o amor, a paz e todas as nossas virtudes, visivelmente se aproximando do objetivo da vida - a salvação da alma. Ao receber a Comunhão, Os cristãos devem contemplar Deus com os olhos da alma e sentir a Sua presença viva nos Dons consagrados, e esforçando-se para viver uma vida litúrgica, receber regularmente a Comunhão dos Santos Mistérios de Cristo para se esforçar para viver em Cristo.

1. Compreensão. Os comungantes devem compreender firmemente por que este Sacramento é necessário: para se unir a Cristo, ao próprio Deus, e não apenas para realizar algum tipo de rito religioso. O Senhor entra em nós, e essa entrada não acontece de forma simbólica ou somente espiritual, mas é absolutamente real: o Corpo de Cristo se torna nosso corpo, e o Sangue de Cristo começa a fluir em nós. Isto é algo que nenhuma outra religião pode dar a uma pessoa: Cristo não é apenas um professor e um ideal moral para nós, Ele se torna alimento para uma pessoa, e a pessoa come Deus, unindo-se a Ele espiritual e fisicamente.

2. Desejo. Os comungantes devem desejar sinceramente se unir a Cristo, e esse desejo deve ser acompanhado de reverência pelo objeto sagrado. É preciso lembrar que “aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor.” (1Cor 11:27)

3. Estado de espírito tranquilo. Os comungantes que se aproximam do Cálice devem estar em um estado alheio à malícia, hostilidade ou ódio contra qualquer pessoa. No mínimo, eles devem se esforçar para perdoar a todos e fazer as pazes com todos aqueles que os ofenderam ou a quem eles mesmos ofenderam. Caso contrário, segundo as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, é inaceitável receber a comunhão. (Mt 5:23-24).

4. Confissão. A tradição da Igreja Ortodoxa Russa exige a Confissão antes da Comunhão: “Que cada um examine a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice.” (1Cor 11:28)

5. Jejum. Antes da comunhão, é necessário jejuar com nossos corpos e almas. O jejum corporal significa que a partir da meia-noite da véspera da Comunhão não se come nem se bebe nada (exceto medicamentos necessários). Para as pessoas que recebem a comunhão menos de uma vez por mês, a Igreja também estabelece um jejum de três dias antes da comunhão, durante o qual não se come alimentos de origem animal. O jejum com a alma inclui limitar o entretenimento (TV, computador, shows, convidados) e abster-se de raiva, grosseria e outros pecados (por exemplo, se nos sentimos ofendidos, tentamos ser contidos e não ser rudes em resposta).

6. Oração. Poucos dias antes da Comunhão, os comungantes devem se esforçar para rezar mais. Além das orações habituais da manhã e da noite em casa, os comungantes devem ler as Orações antes da Sagrada Comunhão (que também podem ser lidas pela manhã antes da Comunhão) e, se assim o desejar, o Cânon ao Senhor Jesus Cristo, o cânon à Santíssima Theotokos e o cânon ao Anjo da Guarda.
Se um comungante não puder cumprir essas regras parcial ou completamente por uma razão ou outra, essa questão deve ser resolvida pessoalmente com o padre, com antecedência.